O céu é azul? Tem certeza? Inovação e imaginação na história.
A pergunta parece banal, mas esconde questões importantes para compreendermos os outros, a nós mesmos e os processos de inovação.
Sir William Ewart Gladstone foi o primeiro a notar um fato intrigante. Gladstone foi por quatro vezes Primeiro Ministro da Inglaterra durante o Século XIX, e um amante da cultura grega.
Uma vez, enquanto lia “A Odisseia“, percebeu que algumas cores eram mais citadas do que outras, mas a cor azul não aparecia em nenhum lugar.
Intrigado, resolveu ler “A Ilíada“, outro clássico grego, e constatou que o azul também não era citado.
Será que os Gregos não enxergavam o Azul?
Lazarus Geiger, um filósofo e linguista alemão, ficou curioso com os questionamentos de Gladstone, e passou a pesquisar se o azul aparecia em outras culturas.
Nada. Nem no Alcorão, nem nas escrituras antigas chinesas ou hindus, não havia citação do azul.
Uma exceção: os egípcios
De todos as sociedades antigas, a única que usava uma palavra para definir a cor eram os Egípcios. De acordo com alguns estudiosos, isto se devia ao alto grau de sofisticação e complexidade de sua cultura. Quanto mais complexidade, maior a necessidade de definir as coisas. Outras sociedades menos complexas entendiam o azul como uma variedade de verde.
Para nós é inconcebível que alguém não defina o céu como Azul, mas isto é mais uma construção social do que um fato.
Pense Comigo:
Imagine duas crianças desenhando. Uma delas tem uma caixa de lápis com 12 cores, e a outra uma caixa com 36 cores. Se pedirmos para elas desenharem o céu, a quantidade de cores nas caixas vai influenciar na cor que o céu vai ter?
Sim e Não
Caso as duas crianças já tenham sido instruídas que o céu é azul, e a professora (ou o pai) tenha mostrado o lápis específico para usar no céu, muito provavelmente eles vão usar os mesmos tons, variantes de azul. Mas se a professora nunca tiver orientado o procedimento provavelmente cada um vai usar os recursos que tem dentro de sua imaginação.
Cada dia o céu é diferente, talvez você não encontre a cor dele na sua caixa de lápis. Talvez ele esteja numa cor que não existe na sua caixa de lápis.
Esta é uma lição importante para o dia-a-dia. Os fenômenos que acontecem bem na nossa frente podem não fazer parte de nosso repertório. Nestas situações, o que fazemos? Apelamos aos procedimentos que aprendemos, como selecionar o lápis azul claro para desenhar o céu. Foi o procedimento que recebemos, é nossa zona de segurança. Apelamos para o tamanho de nossa caixa de lápis, e vamos por aproximação, procuramos algo próximo de nosso repertório para não sairmos totalmente dele.
Mas às vezes é preciso aceitar que o céu talvez não seja azul, e que nosso repertório talvez não consiga dar conta da cor dele.
Se assumirmos que o céu tem cores que não podemos descrever, que não cabem em nossas caixas de lápis, talvez nos permitamos a imaginar que cor poderia ser aquela, e deixar nossa imaginação ir além de nossos procedimentos consolidados. A imaginação e a inovação surgem quando percebemos que nossa caixa de cores é bem maior que os procedimentos que já aprendemos quando pequenos, e muito maior que nossa caixa de cores.
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