A Empatia na Era da Comunicação Digital
Empatia, muito citada e pouco entendida.
Vamos estudar um pouco os mecanismos da empatia? Assim poderemos falar com mais propriedade sobre a relevância dela no universo corporativo.
Empatia está relacionada a capacidade de “nos colocarmos no lugar do outro”. Mesmo sendo tecnicamente impossível (já que cada um é cada um) o esforço de buscar compreender as razões e os comportamentos que as outras pessoas têm é uma reflexão necessária para o convívio com os outros. E como somos animais sociais, isto se torna ainda mais importante.
A base fisiológica essencial para o funcionamento da empatia são os neurônios-espelho. Podemos dizer que eles são responsáveis pela “ponte” entre os processos motores e os processos mentais. Mimetismo é a palavra. Isto pode ser detectado em primatas e humanos logo na primeira infância. Recém-nascidos imitam caretas, como pode ser visto na imagem acima.
Esta capacidade de imitar é fundamental para que tenhamos acesso a linguagem e interação. Nossas emoções são traduzidas para o mundo exterior através de micro-gestos faciais, e como nosso léxico emocional é grande nossa gramática de gestos também é. Se não soubermos diferenciar uma expressão facial hostil podemos correr sérios riscos. Se confundirmos uma expressão de afeto com uma de agressividade também.
O neurônio-espelho é nosso hardware que nos capacita a interagir e treinar perceber as emoções dos outros. Isto não significa que compreendamos tudo desde o nascimento, mas que em maior ou menor escala isto vem junto do pacote de fábrica. O treino é essencial para o desenvolvimento das habilidades empáticas.
O treino da empatia acontece na primeira infância, e é regido pela emoção. Quem participa deste processo é a amígdala, outra parte de nosso cérebro responsável pela emoção, e a memória, algo muito estudado nos dias de hoje mas ainda pouco compreendido.
Independentemente de termos pouco conhecimento sobre a memória, basta que saibamos no momento que ela está associada às emoções. Quanto mais vinculada a uma emoção, mais chances de retermos uma informação na nossa memória.
A conexão entre memória, emoção, micro-gestos faciais e sistema neuromotor de imitação vai definir nossa capacidade de socializarmos com maior ou menor grau de afeição e interesse pelas outras pessoas. Existem pessoas que têm maior ou menor grau de empatia, e este grau está associado aos elementos acima descritos.
Texto Hipertexto Imagem Vídeo
O mundo digital se apropriou de tecnologias antigas para poder se consolidar, em especial o texto. Foi através dos alfabetos e suas gramáticas que conseguimos inicialmente gerar a rede de conexão digital primária, a base da Internet como hoje conhecemos.
Apesar de essencial por causa das condições tecnológicas e as restrições de transmissão, o uso do texto gera pouca empatia. Não reconhecemos a complexidade emocional do interlocutor através do texto. Nossa gramática de micro-gestos não é utilizada, e o mimetismo inicial que se daria entre dois indivíduos passa a ser algo mais abstrato, gerando um processo de identificação de ideias ou de maneiras de agir e pensar. O filtro textual diminui o espectro de emoções para caber justamente no mundo das ideias e pensamentos sublimados e transformados. Resumindo, me identifico com uma ideia, mas não me identifico com o indivíduo que opera esta ideia.
Quando o vídeo aparece como ferramenta de comunicação corporativa, esta situação muda. Da mesma maneira que “uma imagem vale mais que mil palavras”, um vídeo vale mais do que muitas imagens. Temos acesso a um repertório de informações complementares oferecido pelas expressões faciais que gera as nuances necessárias para compreendermos a relevância e tonalidade emocional do que está sendo dito pelo interlocutor.
O vídeo dentro das organizações não é mais um modismo, ou apenas uma das tecnologias possíveis: Ele é essencial para o fortalecimento das redes colaborativas, comunidades, senso de pertencimento, identidade corporativa e engajamento.
Algumas organizações terão restrições e receios em relação ao vídeo, e resistirão utilizando o texto como ferramenta de comunicação. Infelizmente isto está associado ao grau de transparência que as lideranças querem dar no relacionamento com seus colaboradores. “Dar as caras” , “Botar a cara para bater”, “Olho no olho”, “Fala na minha cara” e todos os termos associados ao rosto estão vinculados a isto.
A única ousadia necessária para implantar o uso do vídeo como ferramenta de comunicação nas organizações é a capacidade de ser transparente e não pretender usar a linguagem como recurso para ocultar ou dissimular questões. No texto escrito é mais fácil nos distanciarmos do interlocutor. No mundo de hoje precisamos nos reaproximar e agir juntos, por isto a importância do vídeo como recurso primário nas empresas.
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